terça-feira, 23 de agosto de 2016



Quando me olho no espelho, como fiz hoje, de corpo inteiro e vejo uma figura tão diferente da minha, entendo que estou vendo meu passado. Quando encaro de frente essa nova pessoa, vejo de frente meu futuro. Vejo o desconhecido. Não tenho noção da nova figura que aparecerá amanhã. Mas conheço cada pedaço da pessoa que está dentro dela. Conheço cada minuto da existência da pessoa que habita este novo corpo, essa mova aparência.
Difícil lembrar todas as passagens, todos os obstáculos todas as vitorias, todos os crimes, todas as benevolências, todo o amor ou todo o ódio. Difícil lembrar de tudo, de todas as historias.. Mas esse não lembrar de tudo faz parte da generosidade da vida. Nossa mente esquece e nosso cérebro arquiva quase tudo. O que importou e o que não importou. O que serviu e o que não serve mais. Nosso coração lembra nitidamente se foi feliz ou não. Nossos órgãos sabem se fomos gratificados ou não. Nossa circulação sabe se a segurança existiu em alguns momentos ou se nunca apareceu para nos dar bom dia.
Difícil. Olhar no espelho hoje significa o futuro mas também significa o passado Então entendo que o melhor que tenho é o presente. Não consigo lembrar de tudo do ontem e não sei como será o amanhã. Mas posso imaginar e praticar o hoje. O que serei hoje? O que me permitirei ser hoje. Talvez nada. Quem sabe muita coisa se não para mim, para alguem.
Tudo é mais difícil, mas tudo tornou-se mais fácil. As dificuldades são maiores, mas as saídas mais rápidas. A vida então torna-se um paradoxo quando avançamos nela. Temos todas as escolhas feitas como exemplo para as novas  que vamos fazer. Mas elas nem sempre serão bons exemplos. Isso significa que ainda estou aprendendo. E isso é muito bom. Aprender. Apreender. Aprender a não prender. Aprender a soltar, pois é essa a única maneira de se aprender a aceitar o ser ou não ser. Ter ou não ter. Falar ou calar. Estar ou não estar.

Se importar com o que realmente for importante. Mas primeiro saber a diferença. Diferença.  

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